segunda-feira, 24 de maio de 2010

Desaparecimentos convenientes

É impressionante como certos documentos em Portugal têm tendência a desaparecer. E para que não desapareçam sozinhos, o responsável por tal acto nunca aparece.

Quando comprámos a nossa anterior casa, deveria existir uma sala de condomínio de mais de 60 metros quadrados, mas a verdade é que as reuniões eram feitas na entrada. Cada um levava o seu banco, claro está. Houve um vizinho que ainda questionou a câmara, até porque tinha umas plantas do prédio, mas a verdade é que a resposta da câmara foi peremptória – as telas finais do prédio desapareceram ….. perdão, apenas a do andar da sala de condomínio, claro está ….. e o felizardo com a casa ao lado, ganhou uma sala ….. por acaso ele construiu o prédio, mas isso deve ter sido apenas uma feliz coincidência. E para a câmara tudo estava normal ….. deviam haver as telas finais, mas não existem ….. fim de história.

O tema dos submarinos é em tudo similar, apenas a uma dimensão monetária não comparável. Como é possível tanta calma com a afirmação de que desapareceram os documentos das contrapartidas? Assim? Que raio de entidade estatal que valida que existem os documentos todos? Como é que o Tribunal Constitucional que tudo valida, deixou passar uma destas? Até o Paulo Portas quando deixou de ser ministro levou caixas de fotocópias ….. com sorte, o mesmo ainda dá uma ajuda ao estado tirando fotocópias do que lhes faltar.

Para além da nossa justiça ser tão patética que já não deveria ser chamada de justiça, o desaparecimento passou a ser um item comum. No processo Casa Pia, desaparecem fotografias ….. no caso BPN, desaparecem documentos ….. no caso dos submarinos, desaparecem partes dos contratos ….. e tudo é normal.