A obra 1984 do Eric Arthur relatava um regime político totalitário, enquadrado numa sociedade oligárquica que reprimia todos os que a ela se opunham. Esta foi a base para uma série de outras obras e programas que o voyeurismo popular acompanha e idolatra sem perder uma pitada. A génese do termo “Big Brother is watching you”.
Não houve guerra mundial ou outra em que o peso da intercepção das comunicações do inimigo não fosse preponderante, assim como a importância da codificação. Um dos problemas do Japão foi a simplicidade com que era possível decifrar a sua linguagem, ao passo que os americanos recorreram a dialecto indígena para aperfeiçoar a sua encriptação. Toda a espionagem e a contra informação vivia e baseava-se nesta realidade.
Tal como outras inovações, rapidamente governos e empresas perceberam a importância que estas práticos traziam, sendo que infelizmente os ganhos muitas vezes se sobrepõem ás questões éticas e morais. Da utilização da captura de informação entre terceiros numa lógica e cenário militar para o dia-a-dia foi uma transição muito rápida.
Com a chegada da internet e a necessidade de lucro das empresas que produzem estes produtos, rapidamente chegámos a uma situação em que conseguir interceptar comunicação entre pessoas ou organizações é hoje muito simples. Qualquer pesquisa nos deixa sem qualquer dúvida que assim é. Não há detective particular que não tenha uma parafernália destes meios.
Depois assistimos ao que nos últimos tempos tem vindo a público, ou seja, em Portugal temos escutas que são claras para todos e estão na net mas não podem ser usadas para incriminar ninguém. Outras são segredo de estado porque envolvem o nosso primeiro-ministro. Em Inglaterra um jornal teve de fechar portas por usar e abusar dessa ilegalidade e agora temos os nossos serviços de informação envoltos em escutas ilegais.
Tempos modernos ..... Big Brother is watching you!