Carolina olhava para o
mar. Já havia estado ali tantas vezes que nem conseguia imaginar um número. Cem
..... mil .... dois mil .... na realidade, isso era irrelevante. Nem sabia
porque pensava nisso.
Lembrava-se daquela
noite em que ele disse que daria cambalhotas completamente nu nas pedras da
calçada. Havia rido. A ideia pareceu-lhe estúpida na altura, uma frase
certamente dita no calor daquele quente momento entrelaçados no carro, mas
agora sabia que não. Agora sabia que tinha sido dito com toda a certeza que se
podia ter. Agora era tarde.
Tal como as ondas que
davam à costa, o momento havia passado. Havia perdido a onda. Mas tal como o
surfista, estava já na altura, sabia-o agora bem, com o olhar no horizonte a
imaginar na onda perfeita que viria certamente ........sempre a próxima melhor
que a atual ..... sempre à espera de ter no futuro o que desperdiçava no
momento ....
..... às vezes pensava
.... “e se .....” .....
A sua próxima onde
veio e nela surfou ..... e que sensação ..... até cair ..... novamente ..... e
ao final de um dia, cada queda não é apenas mais uma queda ..... é o somatório
de todas as quedas ..... e o corpo começa a ficar moído ..... cansado .....
Carolina olhava o mar.
Refletia em tudo ..... tentava esvaziar a mente ..... tentava seguir em frente.
- Amanhã é um novo dia!
Dizia aquelas palavras
para si mesma enquanto ouvia a música no
rádio do carro, estacionada no parque. Na rádio passava Kate Perry .... “Roar” ..... nem de propósito!
Aquelas palavras
vieram-lhe à memória ..... “não te
queixes pelo que não tens mas fica feliz pelo que tem” ..... por mais
irritada que ficasse quando ele lhe dizia isso ...... sabia que ele tinha razão
..... tinha ..... e estranhamente isso dava-lhe uma força interior e um alento
para lutar ..... para querer mais ...... e secretamente agradecia-lhe por isso
.....
Enquanto ouvia a
música, olhava para o mar e pensava naquelas frases roubadas de uma conversa
tão pessoal .....
E se .....