terça-feira, 8 de março de 2016

E se .....

 
Carolina olhava para o mar. Já havia estado ali tantas vezes que nem conseguia imaginar um número. Cem ..... mil .... dois mil .... na realidade, isso era irrelevante. Nem sabia porque pensava nisso.
 
Lembrava-se daquela noite em que ele disse que daria cambalhotas completamente nu nas pedras da calçada. Havia rido. A ideia pareceu-lhe estúpida na altura, uma frase certamente dita no calor daquele quente momento entrelaçados no carro, mas agora sabia que não. Agora sabia que tinha sido dito com toda a certeza que se podia ter. Agora era tarde.
 
Tal como as ondas que davam à costa, o momento havia passado. Havia perdido a onda. Mas tal como o surfista, estava já na altura, sabia-o agora bem, com o olhar no horizonte a imaginar na onda perfeita que viria certamente ........sempre a próxima melhor que a atual ..... sempre à espera de ter no futuro o que desperdiçava no momento ....
 
..... às vezes pensava .... “e se .....” .....
 
A sua próxima onde veio e nela surfou ..... e que sensação ..... até cair ..... novamente ..... e ao final de um dia, cada queda não é apenas mais uma queda ..... é o somatório de todas as quedas ..... e o corpo começa a ficar moído ..... cansado .....
 
Carolina olhava o mar. Refletia em tudo ..... tentava esvaziar a mente ..... tentava seguir em frente.
 
- Amanhã é um novo dia!
 
Dizia aquelas palavras para si  mesma enquanto ouvia a música no rádio do carro, estacionada no parque. Na rádio passava Kate Perry .... “Roar” ..... nem de propósito!
 
Aquelas palavras vieram-lhe à memória ..... “não te queixes pelo que não tens mas fica feliz pelo que tem” ..... por mais irritada que ficasse quando ele lhe dizia isso ...... sabia que ele tinha razão ..... tinha ..... e estranhamente isso dava-lhe uma força interior e um alento para lutar ..... para querer mais ...... e secretamente agradecia-lhe por isso .....
 
Enquanto ouvia a música, olhava para o mar e pensava naquelas frases roubadas de uma conversa tão pessoal .....
 
E se .....