quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Inversão dos valores públicos

Ontem foi dada nova “machadada” na lógica/coerência pública. O clientelismo somou nova e estrondosa vitória.

A nossa função pública é do mais anacrónico que conheço. Para se ser funcionário público tem de se ser quase licenciado e ter um cadastro imaculado, porém, para chefiar esta turma e por e dispor de milhões de euros, qualquer um o pode fazer, mesmo tendo processos judiciais e ter sido condenado. Parece lógico, certo?

Depois de meses do governo apregoar os méritos e virtudes da avaliação de desempenho, tendo mesmo havido uma guerra com a actual ministra da educação que não acabou com a sua exoneração apenas por teimosia do Sócrates, foi decretado que os dirigentes não precisam de ser avaliados. Têm progressão automática garantida. Também me parece lógico.

Todos têm de ser avaliados menos os que dirigem e avaliam. No fundo, quem é responsável pela gestão e progresso é que não precisa de ser avaliado, ficando esta nobre função para quem segue ordens. Fica a dúvida se eles serão tão bons que a avaliação é perfeitamente dispensável, ou se, são tão incompetentes que o melhor é nem os avaliar.

Ouvia a explicação de um alto responsável que era uma forma de promover a carreira ..... sem margem para dúvidas ..... é do género “temos falta de gente, junta-te à boa função pública do antigamente!”.

Esta postura é o inverso do que necessitamos, pois para os cargos que mais impacto têm, é onde efectivamente é preciso avaliar para ficarmos com os melhores. O que foi dito é que podem ser medíocres que serão automaticamente promovidos ..... e até podem brincar às avaliações de desempenho, avaliando a vossa equipa, mesmo não sabendo o que é isso por nunca terem sido avaliados ..... façam de conta.

A minha dúvida é se esta definição foi feita por alguém sem pensar ..... que há muitos assim no governo ..... se foi feita por alguém cheio de pressa para ir de férias, ou se será o governo quase demissionário a pagar o preço “devido” na hora da sua saída.

Mais um tiro no pé pelo engenheiro! Na batalha naval, isto seria um autêntico tiro num barco de 3 canos!