quarta-feira, 27 de maio de 2009

Barómetro

Recentemente na sequência das suas palavras, Barak Obama viu um jornal criar um barómetro das suas propostas. Num discurso típico de um político que está a tentar ganhar ou ganhou uma eleição, disse o que todos esperam ouvir, ou seja, que acredita tanto em si que quer ser responsabilizado pelos seus actos e o cumprimento das suas propostas.

O que poderia ser apenas mais um belo e inflamado discurso, deu origem a uma página na net com esse barómetro para cada umas suas 500 propostas. O princípio é estupidamente simples, ou seja, cada uma das suas propostas tem uma descrição individual e a materialização da proposta e do seu cumprimento. Por analogia vamos supor que ele propôs a criação de 150.000 novos empregos nos próximos 4 anos ..... se as estatísticas dizem que ele apenas ainda só criou 1.000, então vemos um manómetro no vermelho ..... e assim sucessivamente.

Como eleitor estou habituado a ser inundado com promessas diversas na altura das eleições, umas que me parecem realistas, outras vistas como uma intenção e um rumo que o partido pretende seguir e algumas obviamente que são pura demagogia ou propaganda eleitoral. Quando os mandados chegam perto do seu términos, já ninguém se lembra do que foi prometido nem sabe se foi comprido ou não, com excepção do que é aproveitado pela oposição para criticar e do que por este ou aquele motivo é amplamente sublimado pelo partido no poder. Apenas uma pequena gota num vasto oceano.

O que foi feito nos EUA é algo tão simples como extremamente eficaz. Permite aos eleitores apreciar o cumprimento ou não das promessas, avaliando o retorno que o partido que apostou e ajudou a ganhar efectivamente cumpriu ou não o prometido. Obviamente que pode haver uma justificação para o não cumprimento, assim como poderá haver espaço para o que foi feito e não estava prometido. Isso é a vida real. Do ponto de vista de quem governa, este espaço serve também de uma forma de pressão para que as promessas não fiquem esquecidas. Os partidos são constituídos por pessoas e elas comportam-se de forma diferente quando são ou não pressionadas e avaliadas. É humano.

Pensando em termos do dia-a-dia, se tivéssemos um sítio em que fosse evidente a aplicação das verbas do QREN ao longo deste mandato, será que o ministro teria guardado a sua utilização para mais perto das eleições, com os resultados que hoje conhecemos e sofremos na pele?

Este exercício de elaboração de cenários é tão válido para o poder central como o local. Quantos partidos prometem mundos e fundos nas eleições municipais e depois não cumprem quase nada a que se propuseram?

Parece uma ideia tão simples e revolucionária que não percebo porque razão nenhum partido ou órgão da comunicação social ainda aproveitou. Os bons exemplos são para copiar e eu enquanto eleitor gostava de saber se o meu voto foi bem ou mal aproveitado. Obviamente que a avaliação faz-se a nível global mas o detalhe é o que separa quem apenas promete a quem cumpre o que promete.