segunda-feira, 4 de maio de 2009

Falência eminente do BPP e BPN

Qualquer curso de Gestão ou Economia ensina que o dinheiro não conhece credos ou religiões, e que os mercados têm uma vida própria. Ensinam que o lucro é o propósito de qualquer investimento e que este está intrinsecamente ligado ao risco das aplicações. Não se fala em emoções, porém, quem decide não deixa de as ter pois por muito racional que as decisões de investimento devam ser feitas, elas são-o por pessoas.

No momento de arranque da crise, foi fundamental salvar algumas instituições financeiras de relevância sistémica (def: relativo a um sistema no seu conjunto). Foi uma posição unânime de todos os governos pelo mundo fora, apesar de algumas instituições não poderem ter sido salvas, tal era a sua situação. As leis do mercado ditaram as que caíram logo, tal como acontecia nos tempos da infantaria nas guerras Napoleónicas ..... a fila da frente servia de escudo para as filas de trás.

No nosso pequeno paraíso à beira mar plantado, o BPP e o BPN foram salvos para evitar o pânico e a desconfiança no nosso sistema financeiro, mesmo sabendo que alguns problemas eram muito provavelmente casos de polícia, estando mesmo a decorrer algumas investigações. Foi uma posição do governo e como todas as decisões, deve ser analisada em função das condicionantes e dos dados conhecidos na altura. Como todos os eventos, o tempo irá ditar a justiça e acertividade da decisão. E ditará igualmente o apuramento mais aproximado do “buraco” de cada uma das instituições e o preço para por nós, meros contribuintes que sustentam com o esforço do seu trabalho estas decisões.

Mesmo sabendo que o retorno do investimento é tanto maior ou menor consoante o risco, a verdade é que podendo ganhar um pouco menos mas com um risco menor, poucos serão os que arriscam a ficar sem nada. Face ao que se conhece da situação de ambos os bancos, tenho dúvidas sobre se haverá novos investidores a apostar o seu dinheiro nestas instituições.

Como a vida de qualquer empresa depende dos seus clientes, não havendo capacidade de angariação de novos clientes face à não confiança de garantia do capital investido, o dinheiro que lá está acabará por ser absorvido nos custos de estrutura que uma instituição daquelas possui.

Em análise de investimento, o dinheiro já gasto não deve entrar no cálculo do retorno do investimento de um negócio ou projecto e por conseguinte na decisão de avançar ou não. Por esta razão, o dinheiro já gasto pelo governo na “garantia da confiança sistémica” do nosso sistema financeiro está gasto e não deve entrar na equação de manter ou não os bancos em dificuldades e investir ou não mais dinheiro neles.

O princípio de que apenas se devem salvar as empresas que merecem ser salvas deverá ser empregue aqui, o que acabará por ditar a falência destas instituições. Por muito atractivos que sejam os juros, não creio que as instituições ainda tenham a credibilidade suficiente para reter e conquistar clientes, e, tal como todos os economistas incluindo o próprio ministro disseram no princípio da crise, o sistema financeiro baseia-se acima de tudo em confiança e credibilidade.

Se seguirmos o principio da coerência e não das amizades ou do politicamente fácil, ambos os bancos estão condenados ..... prolongar o seu fim é somente fazer-nos a nós honestos contribuintes perder ainda mais dinheiro.