segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Belas Contas

Quem por norma cria um orçamento sabe que na realidade está a gerar um Acto de Contrição de Fé. É impossível, com a antecedência muitas vezes de 3 a 6 meses, saber o que se irá passar num ano inteiro que se segue, porém, não é expectável ou aceitável um descontrolo como o nosso Orçamento de Estado.

Por mais explicações que o ministro Teixeira dos Santos dê, é impossível de justificar como é possível começarmos o ano com a expectativa de que seria difícil não passar os 3%, para chegarmos ao verão com 5 a 6% e acabarmos o ano com 9,3%. Tamanho descontrolo não tem justificação.

Ninguém que seja sério pode cobrar o orçamento ser exacto, até porque nunca é possível prever ou acautelar convenientemente surpresas, mas o controlo e o rigor na sua execução é outra história. Quanto mais a austeridade e o rigor, melhor têm de ser os mecanismos de acompanhamento e auditoria, até porque depois não há tempo de recuperar. Básico e elementar. Numa época de crise, mais premente se torna o rigor atempado.

Depois do falhanço dos mecanismos do Banco de Portugal, pensava que isso teria feito disparar alguns “alarmes”. Independentemente de serem áreas e instrumentos distintos, o âmago é similar ….. os mecanismos do nosso estado de controlar e acompanhar a nossa economia. Chumbaram antes e voltaram a chumbar agora.

Como tudo isto é apresentado e gerido por políticos, com uma preocupação maior na sua “agenda política” do que no país, as únicas dúvidas que tenho é se vão ser criados melhores mecanismos de acompanhamento e se o ministro sabia ou não e decidiu nada dizer. A resposta a estas perguntas é fundamental para saber o que irá acontecer em 2010.